O Achismo Precoce e o Tabuleiro Político do Baixo Sul
- edmaisfmsite
- 26 de ago.
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Atualizado: 27 de ago.

O Baixo Sul da Bahia volta a ser palco de movimentações políticas intensas, alimentadas pelo velho achismo precoce que há anos dita os rumos da região. Em Valença, Cairu e cidades vizinhas, as pré-candidaturas pipocam em massa, muitas vezes sem consistência, apenas para manter nomes em evidência ou testar a musculatura eleitoral para pleitos futuros.
Em Valença circulam, a cada eleição estadual, cerca de 250 a 300 pré-candidatos, transformando a cidade em vitrine para políticos de todos os cantos. No entanto, essa enxurrada de candidaturas acaba por diluir os votos da região, enfraquecendo sua representatividade e deixando o Baixo Sul dependente de parlamentares de fora.
Valença: palco de estratégias calculadas
Não é de hoje que lideranças locais usam a disputa estadual como ensaio político. A ex-prefeita Jucélia Nascimento já ultrapassou 10 mil votos em duas corridas para deputada estadual, consolidando seu nome no cenário municipal. O atual prefeito Marcos Medrado também utilizou a mesma tática antes de chegar ao Executivo, e hoje é reconhecido por sua habilidade de articulação em todas as esferas.
Nomes do tabuleiro
Entre os pré-candidatos de peso para deputado estadual surgem nomes como:

Diogo Medrado, com trajetória nos governos Rui Costa e Jerônimo Rodrigues, chega com apoio sólido e o respaldo do trabalho político de seu pai, Marcos Medrado, em Valença.

Léo de Neco, ex-prefeito de Gandu, consolidou uma base regional forte e aparece entre os favoritos para finalmente conquistar uma vaga na Assembleia Legislativa.

Rafael Meireles, herdeiro de um sobrenome de peso em Cairu, busca resgatar a marca deixada pelo pai Hildécio Meireles, ex-deputado estadual.
O impasse da família Meireles
A situação em Cairu é, talvez, a mais delicada. O jovem Rafael Meireles tenta ganhar corpo político, mas enfrenta obstáculos internos e externos. Até pouco tempo, ele foi levado pelo deputado federal Dal a eventos e cidades do Baixo Sul, numa tentativa de apresentar o “herdeiro político” à região. Hoje, porém, o silêncio de Dal chama a atenção. A ausência de declarações públicas e o aparente afastamento jogam dúvidas sobre a real dimensão dessa aliança.
Ao mesmo tempo, o nome de Adriano Meireles, primo de Hildécio, ainda ecoa nos bastidores. Ele já tentou ser deputado estadual duas vezes com apoio declarado da família, mas não conseguiu se eleger, o que fragilizou ainda mais a hegemonia da marca Meireles na região.
Hildécio: entre ACM Neto e Jerônimo
Outro ponto que gera especulações é a movimentação recente de Hildécio Meireles. Historicamente ligado a ACM Neto, o ex-deputado estadual surpreendeu ao usar suas redes sociais para sinalizar aproximação com o governador Jerônimo Rodrigues (PT), destacando obras trazidas para Cairu.
No entanto, nos bastidores políticos do Baixo Sul, a leitura é outra: o governador não estaria mirando diretamente em Hildécio, mas sim em sua ex-esposa e atual vice-prefeita, Cíntia Rosenberg.
Cíntia Rosenberg: a carta do governador
Cíntia desponta como peça central nesse tabuleiro. Vice-prefeita e figura de base sólida no município, ela tem ganhado força silenciosa. A avaliação entre lideranças é de que Jerônimo vê nela um ativo político mais confiável para consolidar apoio em Cairu do que no próprio Hildécio, que ainda carrega o rótulo de aliado histórico de ACM Neto.
Essa movimentação pode redefinir completamente a disputa local. Enquanto Rafael tenta firmar seu espaço, Hildécio ensaia discursos dúbios e Adriano amarga derrotas, Cíntia Rosenberg cresce com discrição, mas com o peso do olhar do governo estadual voltado para ela.
O risco da dispersão
Enquanto isso, o Baixo Sul segue refém da fragmentação. Só em Valença, nas últimas eleições, cerca de 60 mil votos válidos para deputado estadual foram pulverizados entre dezenas de candidatos. O resultado é o enfraquecimento regional e a perda de protagonismo na Assembleia Legislativa e no Congresso.
Conclusão: um futuro incerto
O cenário político do Baixo Sul é, hoje, um caldeirão de interesses, egos e ensaios eleitorais. A disputa em Cairu mostra bem essa realidade: herdeiros sendo testados, ex-lideranças tentando se reinventar e novos nomes despontando com o aval do governo.
De uma coisa não resta dúvida: se a região não superar o vício do achismo precoce e da pulverização de candidaturas, continuará a viver sob a sombra de promessas não cumpridas, alianças efêmeras e uma representatividade frágil que não condiz com sua importância para a Bahia.












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