Ninguém é Santo — Uma Verdade que Valença Precisa Ouvir
- edmaisfmsite
- há 4 dias
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Mais uma vez, Valença virou palco de polêmica e de debates inflamados nas redes sociais. Na última quarta-feira, 22 de outubro, um vídeo gravado pelo funcionário da empresa CONECT, identificado como Rodolfo, viralizou após ele expressar sua indignação contra o que classificou como uma “triste atitude” da atual administração municipal, comandada pelo prefeito Marcos Medrado.
Segundo Rodolfo, a CONECT — empresa que tem levado ações sociais com brinquedos, brincadeiras e lazer para crianças em cidades da região — teve sua iniciativa barrada ou desvalorizada em Valença. O detalhe é que a empresa tem como diretor administrativo Valdemar, segundo colocado nas últimas eleições municipais e hoje pré-candidato a deputado federal.
Imediatamente, as redes se dividiram: uns enxergaram perseguição política, outros chamaram de drama eleitoreiro. Mas o que de fato está por trás desse episódio vai muito além de um simples desentendimento entre prefeitura e empresa.
A verdade é que Valença vive, há décadas, refém da política do “poder pelo poder”. Mudam-se os nomes, os partidos, os discursos — mas a prática é a mesma. E é aí que o título desta reflexão faz sentido: ninguém é santo.
Ao longo dos meus 37 anos de rádio e jornalismo independente, já vi de tudo. Já fui cortado de parcerias, bloqueado em divulgações e deixado de fora de ações públicas por um simples motivo: não dizer o que o poder quer ouvir. Essa é a velha tática — se não bajula, está fora. E isso não é exclusividade de um governo, mas de todos os que já passaram.
O jogo político em Valença é o mesmo: quem está no poder tenta se blindar; quem está fora, se diz perseguido. E no meio dessa guerra de vaidades, o povo — principalmente as crianças — fica em segundo plano.
Valdemar, que chegou como símbolo de uma nova política, “sem acordos e sem velhas práticas”, também caiu na velha armadilha. Quando o sonho do poder fala mais alto, os princípios se calam. Rompeu parcerias, deixou de lado meios de comunicação que sempre deram espaço à sua empresa e justificou tudo com a desculpa de que não estava recebendo a visibilidade política que desejava.
Ou seja: a mesma lógica que ele tanto criticou, passou a reproduzir.
É por isso que, diante de episódios como esse, fica claro — e é preciso dizer sem medo — que ninguém é santo. Nem o político que se diz “do povo”, nem o empresário que sonha com o poder, nem o gestor que se esquece que governa para todos, não apenas para aliados.
Enquanto uns tentam monopolizar a narrativa da moralidade, outros se disfarçam de vítimas de perseguição. Mas no fundo, todos jogam o mesmo jogo: o da vaidade, da conveniência e do cálculo eleitoral.
Valença precisa, urgentemente, olhar para dentro de si e entender que a política local virou palco de egos e não de ações concretas. As redes sociais hoje são o novo palanque — e os discursos, as mesmas velhas promessas recicladas de décadas.
Enquanto isso, a cidade segue carente de obras estruturantes, de políticas públicas sérias e de gestores que pensem no coletivo, não no próprio espelho.
Antes da política, deveria vir a felicidade das crianças e o bem do povo. Mas enquanto houver quem transforme qualquer ação social em capital político, e quem enxergue adversários onde deveria haver diálogo, Valença continuará refém da hipocrisia travestida de moralidade.
E no fim das contas, como disse Jesus, quem nunca pecou, que atire a primeira pedra.
Porque, em Valença, ninguém é santo.











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