HEMOBA Abandona Valença: uma decisão que fere a saúde pública do Baixo Sul
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Valença, BA — A Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA) decidiu encerrar as atividades da sua unidade de coleta de sangue em Valença, medida que passa a valer a partir de 1º de agosto de 2025. O anúncio foi feito por meio do ofício nº 444/2025, assinado pelo diretor-geral da instituição, Luiz Gonzaga Cattto, e pelo diretor administrativo e financeiro, Pablo Martín Chehu.
No documento, a HEMOBA justifica o fechamento pelo número considerado reduzido de coletas — uma média mensal de apenas 79 no primeiro semestre de 2025 — além do alto custo de manutenção da unidade com insumos, mão de obra e equipamentos. A fundação também argumenta que a unidade de Santo Antônio de Jesus poderá suprir a demanda de Valença e da Santa Casa de Misericórdia local, realizando coletas mensais através de ônibus itinerantes.

Entretanto, a justificativa não convenceu. A decisão gerou indignação entre profissionais de saúde, doadores e moradores da região, que veem no fechamento um verdadeiro golpe contra a estrutura hospitalar do Baixo Sul.
De acordo com informações da assessoria de imprensa da Santa Casa de Misericórdia de Valença, representada por Camila, a saída da HEMOBA “nada tem a ver com a entidade”. Pelo contrário — durante todo o período em que a unidade funcionou em Valença, foi a própria Santa Casa que custeou o pagamento do médico responsável e ainda cedeu gratuitamente o espaço físico para as atividades da fundação. Mesmo com esse apoio local, a HEMOBA optou por se retirar, deixando a cidade sem um posto fixo de coleta.
A decisão é considerada um retrocesso para uma cidade estratégica como Valença, que além de ser polo regional, atende moradores de municípios vizinhos e de diversas ilhas da Costa do Dendê. Com a saída da HEMOBA, a população ficará totalmente dependente da chegada de sangue e hemocomponentes de Santo Antônio de Jesus — o que implica maior tempo de resposta em situações de urgência e risco à vida de pacientes em cirurgias ou acidentes.
“É inadmissível que uma cidade com a importância de Valença, referência em toda a região, fique sem um serviço essencial como esse. Estamos falando de vidas que podem ser perdidas por falta de sangue”, desabafou um servidor da área de saúde local, que preferiu não se identificar.
Para muitos, a decisão revela o distanciamento da gestão estadual em relação às necessidades reais do interior. Em vez de fortalecer os serviços de saúde, a medida enfraquece a rede e penaliza quem mais precisa.
O encerramento da unidade da HEMOBA em Valença é mais do que uma decisão administrativa: é um símbolo de abandono. Num momento em que tanto se fala em descentralizar os serviços públicos, a retirada de um equipamento vital como esse soa como um descaso com a vida humana.
Enquanto isso, fica a pergunta que ecoa entre profissionais e moradores: quem vai responder quando faltar sangue para salvar uma vida?
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