Especulação imobiliária avança em Boipeba e ameaça comunidades tradicionais
- edmaisfmsite
- 10 de out.
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A Ilha de Boipeba, no município de Cairu, está sendo fortemente afetada pelo avanço da especulação imobiliária. Cercas, construções e empreendimentos turísticos vêm ocupando áreas de uso coletivo e alterando a dinâmica das comunidades tradicionais que vivem no território. As informações são da Agência de Notícias Mongabay.
Reconhecida como um dos principais destinos turísticos da Bahia, Boipeba abriga uma população distribuída entre Velha Boipeba, Monte Alegre, Moreré e Cova da Onça. Nessas localidades, a pesca artesanal, a agricultura de pequena escala e a coleta de frutos garantem a subsistência das famílias, que mantêm práticas culturais e ambientais transmitidas entre gerações.
Essas formas de vida, porém, estão sendo ameaçadas pelo avanço de cercamentos e construções que se multiplicam em toda a ilha. Ao longo dos cerca de 20 quilômetros de litoral, praias, trilhas e até manguezais vêm sendo fechados por empreendimentos privados. Locais antes de uso livre e comunitário agora contam com cercas de arame, guaritas e seguranças que controlam o acesso de moradores e visitantes.
De acordo com o Relatório de Conflitos Socioambientais do Conselho Pastoral dos Pescadores e Pescadoras (CPP), publicado em 2024, investidores e construtoras estão redesenhando o território e comprometendo a permanência das comunidades tradicionais. O avanço da especulação imobiliária ameaça diretamente o modo de vida quilombola e pesqueiro que se mantém na região desde os primórdios da ocupação humana na ilha.
Em janeiro deste ano, um empreendimento foi autuado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e multado em R$ 4,5 mil por realizar intervenções irregulares sobre vegetação nativa de Mata Atlântica, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) das Ilhas Tinharé e Boipeba. Segundo o auto de infração, as obras ocorreram no loteamento conhecido como Boca da Barra, e foram identificadas após análise técnica de um processo administrativo aberto em 2019.
O episódio reforça um problema cada vez mais visível: o conflito entre a conservação ambiental, os direitos das comunidades tradicionais e o avanço do turismo e do mercado imobiliário. Em meio ao crescimento desordenado, Boipeba corre o risco de perder não apenas suas paisagens naturais, mas também a identidade e as tradições que a tornam uma das ilhas mais singulares do litoral baiano.
Fonte: Redação da Edmais com apoio de parte do texto do BN@WS












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