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Câmara de Igrapiúna: A Arte de Governar com Roçagem, Placas e Promessas Vazias

  • edmaisfmsite
  • 6 de ago.
  • 3 min de leitura



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Num município onde quase nada acontece, é surpreendente o quanto a política local consegue manter tudo exatamente onde está: no passado. A Câmara Municipal de Igrapiúna (BA), que estreou 2025 sob o comando histórico de sua primeira mulher presidente, Cecília Mendes, poderia ter entrado para a história com projetos transformadores. Mas, em vez disso, parece ter descoberto que a verdadeira arte de legislar está em roçar mato, pedir placas e agradecer por coleta de lixo.



A Câmara e seus “legados”: vereadores e suas grandes obras


Na última sessão ordinária (08/04/2025), a atuação dos vereadores foi um retrato da gestão local: um festival de ações administrativas disfarçadas de mandatos legislativos. Eis o balanço por parlamentar:


Cecília Mendes (Presidente): solicitou roçagem em torno de escola e parquinho municipal, além da conclusão do próprio parquinho. A presidente que poderia inovar se contenta com poda de mato.


Joabe Souza de Jesus (Vice-presidente): silenciou. Nenhuma indicação relevante, nenhuma proposta estruturante. Um vice que parece entender o cargo como sinônimo de “presença física” nas sessões — nada além.


Ionei Silva Bomfim: pediu instalação de placas de sinalização em comunidades rurais. E só. O trânsito em Igrapiúna talvez esteja no topo da lista de preocupações do mundo — só que não.


José Augusto Rosa Vieira: indicou reabertura de uma rua, construção de esgoto e retirada de lixo ao redor de escolas e sindicato. Tudo necessário, porém, básico. Governar com vassoura, mas sem visão.


Neilton José da Assunção Santana: fez o que talvez tenha sido o auge da sessão: reclamou do fechamento do banco Bradesco. Nenhuma proposta de solução, articulação ou resposta. Apenas indignação verbal — como qualquer morador faria num grupo de WhatsApp.


Valdeck Sales: campeão de indicações simples. Pediu balanças para agentes de saúde, reforma de escola, limpeza em comunidades, iluminação, coleta de lixo e até melhoria no transporte escolar. Um verdadeiro checklist de tudo que a prefeitura deveria fazer, sem precisar de ofício parlamentar.


Percivaldo “Percinho” Mendes: indicou manilhamento de riacho com esgoto a céu aberto. Uma das poucas pautas com algum impacto sanitário, embora ainda limitada ao território das urgências esquecidas.


Cristovão Alves Cruz e Paulo Ricardo Bonfim: participaram, mas não apresentaram nenhuma proposta registrada. São, oficialmente, vereadores decorativos — atuando no parlamento sem que o povo saiba ao certo para quê.



O peso de uma presidência que prometia muito


Cecília Mendes chegou ao cargo de presidente da Câmara como um marco. Primeira mulher a presidir o legislativo de Igrapiúna, com histórico de projetos relevantes em legislaturas anteriores, como a CIPTEA (carteira para autistas), havia um sentimento coletivo de que sua liderança traria mudanças reais.


Mas não trouxe.


Seu mandato, até aqui, é o retrato da ausência de ambição pública. Quando uma presidência que poderia inspirar gerações se resume à roçagem de mato e parquinho infantil, o sinal de alerta se acende: Igrapiúna não está apenas parada — está sendo administrada para permanecer estagnada.



E o prefeito? Pediu crédito. Para quê? Ninguém sabe.


Enquanto isso, o prefeito enviou à Câmara o PL nº 04/2025, solicitando crédito especial no orçamento — sem que o destino dos recursos tenha sido claramente apresentado à população. A Câmara aprovou sem contestação, sem emendas, sem transparência. Fica a pergunta: o que será feito com esse dinheiro?





Pra não dizer que nada acontece, ontem aconteceu uma “gracinha”


A Câmara Municipal participou dia (04) da assinatura das seguintes ordens de serviço:


Bairro Nova Igrapiúna: foi autorizada a execução da obra de drenagem profunda, um investimento essencial para melhorar o dia a dia dos moradores.


Bairro Izaias Dócio: a comunidade vai receber uma nova praça, próxima à Feira Livre, garantindo um novo espaço de convivência e lazer. Praça essa que já flmamos cobrando melhorias que parecia um nada.



Essas obras representam mais um passo no avanço da infraestrutura do município. A Câmara de Igrapiúna segue ao lado do povo, acompanhando de perto os investimentos e fiscalizando para que cada conquista se transforme em realidade.


Pelo menos no discurso.




Uma cidade sem planos, sem futuro, sem oposição


Nenhum vereador apresentou propostas nas áreas de:


Turismo


Economia local


Cultura ou juventude


Sustentabilidade


Tecnologia ou modernização da gestão pública


Geração de renda



É como se Igrapiúna não tivesse urgências. Como se bastasse colocar uma placa e roçar a estrada.



Conclusão — Quando o ordinário se torna projeto de governo


A função de um vereador é legislar, propor, fiscalizar. Mas, em Igrapiúna, esses verbos foram trocados por “pedir”, “indicar” e “esperar”. E o povo, mais uma vez, é deixado à margem de um processo político que não muda nada — e não quer mudar.


Se a maior conquista da Câmara em 2025 foi cortar o mato e colocar placas, então talvez seja hora de repensar a razão de existirem tantos cargos públicos. Porque, para cuidar apenas disso, bastaria uma equipe de manutenção e um chefe de limpeza urbana.


E quanto à política de verdade? Essa, infelizmente, parece ter tirado férias prolongadas por aqui.

 
 
 

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