Centro de Cultura Olívia Barradas: promessas, licitações e silêncio sobre a reabertura em Valença
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O Centro de Cultura Olívia Barradas, um dos espaços mais simbólicos da vida artística de Valença, permanece sem reabertura plena para espetáculos e grandes eventos. Apesar das promessas de reforma anunciadas pelo Governo do Estado e do registro de licitação para obras de acessibilidade e requalificação, o que se vê hoje é um equipamento cultural em compasso de espera — funcionando de forma limitada e sem data oficial para retomar sua função principal: abrigar a produção artística e os grandes encontros culturais da cidade.
Entre o anúncio e a realidade
Em dezembro de 2023, o governador Jerônimo Rodrigues declarou publicamente que Valença “não poderia ficar de fora” do programa de requalificação dos centros de cultura da Bahia. O discurso animou artistas e produtores locais, que aguardam há anos pela revitalização do espaço.
Mas, passados mais de dez meses, nenhum comunicado oficial confirma a conclusão da reforma ou a previsão de entrega. O Centro segue fechado para eventos de maior porte, e a ausência de informações oficiais gera incerteza e frustração na classe cultural valenciana.
Obra licitada, mas sem transparência sobre execução
Documentos públicos mostram que o governo estadual realizou licitação em julho de 2021, por meio da Tomada de Preços nº 006/2021, cujo objeto era a “Reforma e Acessibilidade no Centro de Cultura Olívia Barradas”, vinculada ao Contrato de Repasse nº 825400/2015 (MTUR/CAIXA).
O valor global estimado da obra era de R$ 317.516,99.
No entanto, não há registros públicos acessíveis que comprovem a execução total da obra, nem relatórios de medição, pagamento ou atestado de conclusão. Também não há, até o momento, divulgação de qual empresa ficou responsável pela execução nem o estágio atual das intervenções.
O site oficial da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA) ainda lista o Olívia Barradas entre os 17 espaços culturais sob gestão direta do Estado, mas sem menção a data de reabertura ou status da obra.
Programação reduzida e problemas persistentes
Enquanto isso, o espaço abriga apenas atividades pontuais: oficinas, ensaios e pequenos encontros culturais.
Problemas estruturais — especialmente no sistema de ar-condicionado, na instalação elétrica e na infraestrutura de palco e segurança — são citados por artistas e produtores como os principais entraves para o retorno dos grandes eventos.
O que antes recebia peças teatrais, shows, festivais e conferências hoje se resume a um uso simbólico e parcial, insuficiente para o potencial que o Olívia Barradas representa para o Baixo Sul da Bahia.
Impacto na economia criativa local
A paralisação das atividades de grande porte afeta diretamente a cadeia produtiva da cultura em Valença.
Sem o funcionamento do Centro, produtores locais perdem palco, artistas perdem visibilidade e o comércio deixa de lucrar com eventos que movimentavam bares, restaurantes e hospedagens.
O setor cultural da cidade, já fragilizado após a pandemia, enfrenta agora o que muitos chamam de “apagão cultural” causado pela demora na execução das obras.
Perguntar não ofende: o que está acontecendo?
A falta de clareza sobre o andamento da reforma e a ausência de comunicação institucional sobre o futuro do Centro levantam questionamentos legítimos:
A obra licitada em 2021 foi iniciada?
Há empresa contratada e cronograma em andamento?
Por que não há relatórios públicos sobre o estágio das intervenções?
Quando Valença voltará a ter seu principal palco funcionando em condições plenas?
Essas perguntas foram encaminhadas à Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA) por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), solicitando documentos, laudos e cronogramas de execução. Até o fechamento desta matéria, não houve resposta.
Um símbolo que não pode se apagar
O Centro de Cultura Olívia Barradas é mais que um prédio. É o ponto de encontro da memória e da identidade cultural de Valença.
Deixar o espaço nessa condição é desvalorizar décadas de história e de esforço de artistas que ajudaram a formar a cena cultural do Baixo Sul.
O público e os profissionais da cultura merecem transparência — e, acima de tudo, ação.












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